
por Alexandre A.R. Costa, Julho de 2008.
"Le Menu Parodie: Pic-nic-paródico-não-é!" "Le Menu Parodie: Pic-nic-paródico-não-é!" do colectivo de artistas, The Fictionary Players (Alexandre A.R. Costa, Jorge Fernando dos Santos e Miguel Seabra), não é uma performance, não é representação, não é uma "colagem" cómica, não é uma instalação, não é uma composição formada por elementos burlescos retirados das imagens produzidas em "Le Déjeuner sur l'Herbe" de Édouard Manet, não é uma apropriação, não é uma cenografia, não é uma interpretação, não é uma recriação de uma obra já existente, não é uma adaptação de uma obra original a um novo contexto, não é uma obra com uma apresentação mais qualquer coisa, não é! "Le Menu Parodie: Pic-nic-paródico-não-é!", É! Esta reflexão pela negação de qualquer "rotulação" sobre a prática artística a desenvolver, para em conclusão se identificar numa afirmação categórica, reclama uma razão filosófica profunda. Em "Le Menu Parodie: Pic-nic-paródico-não-é!", a obra não é, e no entanto, continua a ser. Será sempre a mesma obra "Le Déjeuner sur l'Herbe" de Édouard Manet. Quanto a essa negação, não a deveremos entender como possibilidade de coisa cínica ou melancólica como nos alerta Perniola, mas sim, (e a partir do mesmo autor) entende-la como uma procura pelo essencial, e esse, num sentido o mais encriptado possível. A prática artística como coisa que se refugia nesse essencial, nesse lugar - antítese à diversão ou à dispersão do sentido atento, conscientemente activo, face a um real que se estende a um enquadramento de globalidade e de densidades híbridas possíveis para essa prática no momento actual. Lembrando que o resultado do trabalho foi pensado para o espaço exterior, evoca-se aqui um estado crítico sobre sistemas fechados com referências, não ao sistema institucional de difusão da arte, mas sim a determinadas lógicas museológicas ou mercantilistas da arte. Opção evidente é a apropriação da imagem de Le Déjeuner sur l'Herbe" de Édouard Manet, hoje incorporada no Museu, e o processo de manipulação sobre a imagem com intenções da sua utilização "mercantil" como meio de expressão ironicamente crítico e exercício de função para uma clara retro-alimentação do sistema (processo autonomizado pelos The Fictionary Players a partir da utilização dos fundos de produção de obras do próprio evento). Uma "barraca" com "Merchandising" numa festa pública no centro de Caldas de Reis onde se festeja e se bebe o vinho da região, o colectivo The Fictionary Players, propõe, a partir da imagem de Le Déjeuner sur l'Herbe" uma abordagem de desconstrução em infindas possibilidades de reconstrução (fragmentos) da imagem da obra.
